quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sermão #9 Marcado Pelo Sangue




Sermão #9 
Marcado Pelo Sangue

Texto Base Marcos 15:21
 “E aconteceu que certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, vindo do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz”

Introdução
  Você se lembra do dia em que teve um encontro com Deus? Em que caminho e direção você estava indo? Com Simão Cireneu aprendemos que nesse encontro pelo menos duas coisas são oferecidas: devemos tomar uma cruz e mudar de direção para poder segui-lo, não forçadamente, mas a cruz é o lugar que Deus escolheu para esse encontro.


Festa da Páscoa
  No dia 14 do mês de Abibe, o primeiro mês do calendário judaico, que para nós seria entre março e abril, acontecia a festa da Páscoa, um dia em que comemoravam e relembravam a libertação do povo de Israel do Egito, milhares de judeus se aglomeravam em Jerusalém, pois todo judeu devia pela lei comparecer a cidade santa em pelo menos três festas anuais: Páscoa, Tabernáculos e Pentecostes. O comércio era intenso e o templo era altamente disputado, e a festa durava mais sete dias com a semana dos pães asmos. Famílias inteiras se reuniam para cear, mas o auge dessa festa era o “Corbã”, ritual onde o cordeiro pascal era sacrificado no templo, prática que começou no Egito, quando sacrificaram um cordeiro para cada família e aspergiram o seu sangue com um ramo de hissopo, planta esponjosa, nas portas das casas dos israelitas, protegendo-os do anjo exterminador, o qual passou por cima das casas ao ver a marca do sangue nas portas, indicando o significado da palavra Páscoa: “passar por cima”.



Simão Cireneu
  A palavra nos mostra que um homem chamado Simão, estava “entrando na cidade” no dia da Páscoa que naquele ano foi na sexta-feira, provavelmente ele estava vindo de uma longa viagem de Cirene, na Etiópia, país africano, e seu nome comum entre os judeus revela que ele também era judeu, já que havia uma grande colônia judaica na região de Cirene desde que a rainha de Sabá fez uma aliança com o rei Salomão, e segundo a tradição não foi apenas diplomática, mas tiveram filhos, sendo ela negra, iniciou-se uma descendência de judeus negros. Em 1948, quando a ONU declarou a soberania do estado de Israel, o primeiro avião que trouxe judeus novamente a nação veio da Etiópia, ou seja, Simão era negro, judeu e possivelmente um ex-escravo, já que Atos 6:9 mostra que havia uma sinagoga de cireneus libertos em Jerusalém.


Vestes brancas
  Simão se dirigia para o templo para participar do “Corbã”, naquela tarde o sumo sacerdote sacrificaria o cordeiro, e seu sangue seria aspergido no altar e em todo o seu redor (Ex 29:16), e uma multidão de judeus vestidos de branco, indicando justiça, se aglomeravam ansiosos para receber ao menos uma gota do sangue do cordeiro em suas vestes quando o sacerdote munido de um ramo de hissopo, aspergia o sangue do cordeiro no povo (Ex 24:8), já que receber o sangue nas vestes era sinal de uma grande benção, mas somente entravam no templo quem estivesse com as vestes completamente brancas, sem nenhuma mancha, do contrário não entravam – chegará o grande dia em que todos estaremos frente aos portões celestiais e entrará somente aqueles que estiverem revestidos da justiça de Cristo (Mt 22:12/Ap 3:4).



Tomando a cruz
  A grande maioria do povo entrava na cidade pelo portão principal e davam de frente com o templo pela porta Formosa, a cidade possuía doze portões e Simão decidiu entrar por uma porta que rejeitavam, no fundo do templo, na direção para Damasco, no maldito caminho para o Gólgota, com ruas estreitas e cercadas por grandes rochas, no momento em que ele entrava na cidade, vindo do campo, ouviu o barulho de uma multidão gritando, havia muito choro, desespero, e se deparou com os soldados levando três condenados a morte carregando cruzes em seus ombros, Simão deve ter paralisado ao ver um dos condenados totalmente ensangüentado e desfigurado, sendo cuspido e escarnecido, deixando um rastro no caminho do sangue que escorria pela cruz, o peso de sua cruz parecia insuportável, e quando Simão desviava da multidão, um dos soldados apontou-lhe o dedo e gritou; “Você, ajude-o a carregar a cruz”, o cireneu foi constrangido e obrigado a tomar a cruz, provavelmente confundiram-no com um escravo e foi ameaçado com as espadas e forçado a ficar lado a lado com aquele homem, tomando a cruz. Nesta hora deve ter notado a coroa de espinhos fincada em sua cabeça e se dado conta que suas vestes brancas estavam agora marcadas pelo sangue, daquele que algumas mulheres choravam e chamavam “Jesus” – não há como seguir Jesus sem antes tomar a cruz (Mt 16:24), Simão teve que negar-se literalmente e tomar a “sua” cruz.



Marcado pelo sangue
  Ao tomar a cruz, Simão teve que mudar de direção e “converter” seu caminho, colocando-se na posição de condenação e subindo para o Calvário, depois de percorrer 800 metros ele se livrou da cruz e Jesus foi crucificado em meio aos dois ladrões, Simão deve ter descido novamente para a cidade, mas suas vestes não estavam mais brancas, ele sonhava em receber uma gota do sangue do cordeiro no templo, mas foi completamente aspergido pelo sangue de Jesus Cristo, não foi marcado com uma brasa que marcavam os escravos, mas marcado pelo precioso sangue do Cordeiro Santo que pagou um preço de resgate incalculável. Simão foi lavado e levou a salvação para sua família (Rm 16:13), Paulo cita sua esposa como uma mulher considerada e seu filho como “eleito no Senhor”. Naquele dia o sacrifício do cordeiro foi cancelado no templo, pois quando o Cordeiro de Deus foi sacrificado no Calvário, o véu do templo se rasgou – agora podemos ter acesso ao Santos dos Santos pelo novo e vivo caminho (Hb 10:19-20), pelo sangue de Jesus.



Conclusão
  O peso que Simão carregou foi apenas da madeira da cruz, mas “Cristo levou os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24), o peso esmagador dos nossos pecados fez com que Ele fosse moído e derramasse todo o seu sangue, o qual tem poder suficiente para aniquilar todo pecado, “sangue esse, que Ele quer aspergir em nosso coração nos purificando completamente de uma consciência culpada” (Hb 10:22), não gotas, mas quer nos lavar e alvejar nossas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 7:14).

“É uma blasfêmia, trazer de volta a consciência, os pecados pagos por Jesus” (Martinho Lutero)

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