Sermão #13
Crucificado Com Cristo
Texto Base: Gálatas 2:19c-20a
“Estou crucificado com Cristo. Logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim”
Introdução
O apóstolo Paulo escreve aos
gálatas para declarar que não necessitavam mais viver sob a antiga lei, ritos e
tradições judaicas, ressaltando que o evangelho consiste em viver livres, pela
fé em Cristo. Parece existir uma contradição quando Paulo diz que devemos estar
crucificados com Cristo, pois que liberdade e vida existem quando alguém está
crucificado?
Estou crucificado com
Cristo
Todos aqueles que são chamados a
seguir Jesus devem estar dispostos a tomar a cruz, Ele disse: “Quem quiser vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz dia após dia e siga-me” (Lc
9:23), precisamos entender que Cristo não apenas morreu pelos pecadores,
abrindo-lhes um novo e vivo caminho para a vida eterna achegando-os a Deus, mas
morreu com os pecadores na a cruz; sua morte foi substitutiva, libertando-os
da condenação do pecado, e ao mesmo tempo representativa e neste sentido
participativa espiritualmente, quando Ele morreu com os pecadores libertando-os
do poder do pecado, pois ao ser crucificado e morrer com Cristo, o homem já não
é mais escravo do pecado. A crucificação do velho homem não é separada, mas
algo realizado em união com Cristo, essa co-crucificação é um fato consumado e
atemporal, e fracassamos ao não compreendermos isto, lutando com nossas forças
próprias para provocar a crucificação do nosso velho homem, Paulo declara:
“estou crucificado com Cristo”, pois entendia que isto se cumpriu quando
Cristo foi crucificado.
“Fomos batizados na sua morte,
unidos com Ele na semelhança de sua morte, já morremos com Cristo, foi
crucificado com Ele nosso velho homem, para que o corpo do pecado seja
destruído e não sirvamos o pecado como escravos” (Rm 6:3-6), o termo “foi
crucificado” no original é um verbo de ação contínua, está no pretérito
perfeito e significa que foi realizado de uma vez por todas, portanto devemos
considerar como fato e pela fé alcançarmos isso; o resultado é a destruição do
corpo do pecado, não o corpo físico, mas do velho homem, e o objetivo é não
sermos mais escravos do pecado; “considerai-vos mortos para o pecado” (Rm
6:11), portanto não devemos contemplar a morte de Cristo de maneira passiva,
devemos entender que pela fé, fomos crucificados com Ele, “Jesus morreu por
todos, logo, todos morreram” (2 Co 5:14).
Não sou eu quem vive
Quando Cristo nos salva, Ele não
leva nosso corpo à morte e nem destrói a raiz do pecado, antes Ele crucifica o
velho homem com Ele na cruz, com o objetivo de “destruir o corpo do pecado”,
esse termo “destruir” no original grego significa desempregar, para entendermos
melhor, o escritor cristão chinês Watchman Nee nos ilustra que o pecado é como
um senhor, o velho homem é como um mordomo, portanto o corpo é como um
fantoche, o velho homem está no meio intermediando e levando o corpo a pecar,
ele deve ser desempregado para que o novo homem agora esteja submetido ao novo
senhor, o Espírito Santo. “Vós fostes libertos do pecado e se tornaram servos
da justiça” (Rm 6:18), passamos a servir ao verdadeiro Senhor. O próprio
apóstolo Paulo em suas cartas se apresentava como “servo de Jesus Cristo”, que
no original seria escravo, o cristão precisa entender que Jesus não é somente O
Salvador, mas também O Senhor, e como Senhor e Rei, Ele prometeu dar alivio aos
cansados e sobrecarregados, mas ao mesmo tempo oferece seu jugo.
O nível mais profundo a ser
alcançado pelo cristão não é morrer para o pecado, mas morrer para o ego, que é
o centro das nossas vontades, quando Paulo diz: “já não sou eu quem vive”, o
termo “eu” vem da palavra “ego”, as tentações vem de fora, mas o pecado está
dentro de nós, habita em nós, nossa natureza é pecaminosa e nosso ego foi
totalmente contaminado, “o sangue de Jesus nos purifica de todos os pecados” (1
Jo 1:7), o sangue de Jesus não lava o velho homem, mas os pecados, portanto a
solução para o ego é ser crucificado, o ego não é o pecado e deve ser
crucificado com o Senhor para poder declarar: “não seja feita a minha vontade”,
ao morrer com o Senhor para o pecado abandonamos as coisas ilícitas, ao
crucificarmos com o Senhor o nosso ego abandonamos as cosas lícitas. A igreja
primitiva batizava e oferecia uma cruz aos novos convertidos, os obreiros eram
separados e na ordenação faziam a seguinte pergunta: “Podeis vós beber o cálice
que eu bebo e receber o batismo com que sou batizado?”, e todos entendiam que
perderiam suas vidas.
Cristo vive em mim
A vida com abundância existe
somente em Cristo, Paulo declarou: “Para mim o viver é Cristo” (Fp 1:21), em
Jesus o “eu” é rejeitado e uma nova identidade é formada pelo Espírito Santo,
mudando radicalmente o modo de pensar e agir, “Ele morreu por todos para que os
que vivem, já não vivam mais para si mesmos, mas para Aquele que por eles
morreu e ressuscitou” (2 Co 5:15), “porque, apesar de haver sido crucificado em
fraqueza, Ele vive, e isso pelo poder de Deus. Semelhantemente somos fracos
Nele, mas, pelo poder de Deus viveremos com Ele para vos servir” (2 Co 13:4), descentralizar
o ego é a essência da santidade, a alma verdadeiramente liberta do ego não
possui interesses próprios, seu único interesse é em como engrandecer e
glorificar o Senhor, isso é avivamento, Paulo era alguém avivado, pois o
avivamento ocorre quando Cristo vive em mim. Quando o diabo nos enxergar na
cruz, fará o possível para que desçamos, uma grande batalha será travada, e
crises espirituais serão enfrentadas por aqueles que decidirem aplicar diária e
progressivamente a vida crucificada, essas crises é o território favorito de
Satanás e ocorrem quando descemos da cruz, e devemos imediatamente voltar à
cruz, pois o único lugar onde podemos derrotar o diabo é na cruz, foi lá que
Jesus venceu-o, então todas as vezes que o cristão é derrotado, foi quando
desceu da cruz.
Quando Cristo vive em mim, “nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1), tudo o que almejamos
de Deus já está disponível em Cristo, vitórias, triunfos, justificação,
santificação, tudo está em Cristo, de modo que agora não é mais o que Deus faz em
você, mas o que Deus fez em Cristo. Se não crermos nisto nada recebemos, mas se
cremos temos tudo. “Se alguém está em Cristo é nova criatura...” (2 Co 5:17),
esta passagem não diz o quanto fui mudado, mas que simplesmente eu sou nova
criatura, por estar em Cristo, devemos crer na palavra de Deus. Deus realizou
todas as coisas em Cristo, e se Cristo vive em nós, somos eleitos, aceitos,
vitoriosos, amados e todos os belos adjetivos que a palavra diz se referindo a
Cristo, o segredo é crer na Palavra.
Conclusão
Confesso que quando me via
olhando para o Calvário e refletindo na mensagem da cruz, eu não conseguia
definir que estágio da crucificação eu estava como um cristão, se dando os
primeiros passos, ou tomando a cruz, ou já sendo crucificado e morrendo, mas agora
entendi que pela fé somente, pela palavra, e não olhando para mim mesmo, eu
estou crucificado com Cristo, minha velha natureza e meu ego ainda insistem em
descer da cruz e me levar a ser derrotado, mas Cristo está em mim e Ele é
supremamente maior do que eu, nada pode derrotá-lo, portanto sua vitória sobre
meu ego, minha carne, sobre o diabo e sobre o mundo já se consumou na cruz.
Glória a Deus.
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