quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

O Cálice da Ira 1: O Cálice da Agonia

O Cálice da Ira
Primeira parte
 O cálice da agonia

Mateus 26:38-39

Mateus 26:38-39 Jesus disse aos seus discípulos: “ A minha alma está sofrendo dor extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a mim.” Seguindo um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “ Ó Meu Pai, se possível for, passa de mim este cálice! Todavia não seja como Eu desejo, mas sim como tu queres”.
Introdução:
Você consegue entender realmente o que Jesus teve que suportar na cruz? Ele não temia a dor, nem o diabo muito menos a morte, mas sim a visão que Ele teve naquela oração o fez estremecer. Eu te convido a ir além da dor e dos sofrimentos na carne e enxergar quão terrível era aquele cálice que Jesus bebeu na cruz.

O CÁLICE
Naquela noite fria de uma quinta-feira após a ceia Jesus se dirige ao monte para orar com os discípulos como de costume ele escolhe o jardim do Getsêmani, que significa “prensa de azeite” onde o profeta Isaías já anunciava que Ele seria esmagado: “ao Senhor, agradou moê-lo” (Is 53:10); nenhum ser jamais suportou aquela agonia, Jesus “começou a sentir-se tomado de pavor e angústia” (Mc 14:33). O mestre convida os amigos íntimos para orar e vigiar por pelo menos uma hora, mas enquanto o Filho de Deus está agonizando com o rosto no pó e orando como um menino: “Abba Pai (paizinho)...” (Mc 14:36), os discípulos dormiam após o banquete da ceia, representando a humanidade saciada e vivendo para si mesmo, o único discípulo acordado era Judas Escariotes.
Jesus pede por três vezes: “Pai, se possível for, passa de mim este cálice!”; precisamos ir além do jardim escuro e enxergar que por trás do véu, Jesus estava recebendo um cálice das mãos do próprio Pai, um cálice transbordante (Sl 75:8; Ap 17:4) Ele enxerga o que havia dentro do cálice, o que enfrentaria ao tomar a cruz, e ao sentir o seu cheiro insuportável, sua natureza humana recua e reage de tal forma que seus batimentos cardíacos aceleram rapidamente e acontece o que a medicina chama de “hematidrose”, o mais comum seria um infarto ou derrame, mas seu sangue começa a evacuar pelo suor criando grossas gotas que caem na terra e no silêncio daquela madrugada Jesus chora lágrimas de sangue e sente pavor, mas o que o fez tremer? Ele sabia que seria traído, injustiçado, açoitado, cuspido, humilhado, pregado numa maldita cruz entre dois bandidos, enfrentaria a ira humana, mas era isso que temia? Absolutamente não! Ele já estava preparado para isso (Jo 12:27), muitos mártires morreram sorrindo e cantando hinos. O que Jesus viu naquele cálice que o fez agonizar? O inferno, a terrível e suprema manifestação da ira de Deus, a justa punição pelas nossas iniquidades, Ele teria que beber aquele cálice para satisfazer a justiça de Deus, mas havia outras faces no cálice, tais como, um ser Santo e sem pecado algum deveria tocar no pecado, mas a sua Santidade o fez recuar, pois Ele viu nossos terríveis pecados e abominações e isso causa náuseas em Deus, nossas iniqüidades cheiram pior que fezes e enxofre, e Jesus deveria tomar nossas vestes de imundícia.

A CRUZ
 Getsêmani foi uma janela para a Cruz, uma preparação para o pior que estava por vir, Jesus recebeu o silêncio do Pai como resposta, mas foi preparado para a cruz (Hb 5:7) e confortado por um anjo (Lc 22:43) declarou para o mundo ouvir: “ seja feita a tua vontade”, o Amor venceu (1 Co 13:7). Jesus chegou ao ápice da sua missão na terra ao tomar aquela cruz, o Príncipe da Paz tinha uma coroa de espinhos cravada em sua cabeça, suas mãos foram pregadas para impedi-lo de curar, seus pés foram pregados para impedi-lo de anunciar o Evangelho, seu corpo foi dilacerado e partido como o pão na ceia e seu sangue foi totalmente derramado ( Is 53: 2-8), das nove horas da manhã até ao meio-dia o mundo pôde ver aquele terrível espetáculo enquanto os céus observavam o Filho do Altíssimo  perecendo na cruz, mas Ele nunca morreria, pois não tinha pecado (Rm 6:23), era necessário tomar os nossos pecados para morrer, ressaltando que Ele não se tornou pecador, mas  nossos pecados foram “imputados”, atribuídos, creditados em Cristo assim como sua justiça foi imputada aos salvos (Rm 3:21-26;5:8-9), então Ele bebeu aquele cálice e ao meio-dia “houve trevas sobre TODA terra” (Mt 27:45) a terra tremeu e muitos mortos ressuscitaram dos sepulcros, todos ficaram apavorados pois não foi uma nuvem que cobriu o sol, muito menos um eclipse que dura apenas alguns minutos, mas trevas sobrenaturais. O que significou aquilo? Ao tomar o cálice, Jesus “se fez pecado” (2 Co 5:21) se tornou “maldito” (Gl 3:13), e isso causou as trevas que na verdade era o Pai escondendo sua face dos nossos pecados em Cristo (Nm 6:25-26; 1 Jo 1:5), naquela cruz Jesus não foi enviado ao inferno mas foi separado do Pai e sentiu o inferno na alma, bebeu “ o cálice do vinho do furor da ira de Deus” (Ap 16:19), o dilúvio, o fogo consumidor de Sodoma e Gomorra e as pragas do Egito foram a ira diluída, ocasiões em que a ira divina transbordou e escapou do cálice, gotas; Cristo tomou cada gota da ira plena e sem mistura, o inferno eterno que você merecia foram derramados sobre Jesus e três horas foram suficientes até Cristo bradar: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46) literalmente fora abandonado como o bode expiatório (Lv 16:8-10) e sacrificado pelo próprio Pai, o cutelo que não foi usado no Moriá (Gn 22:9-10) foi usado na cruz, o sacrifício foi aceito e a luz retornou quando Cristo bebeu todo o cálice e encerrou sua missão: “consumado está” (Jo 19:30); em antigos papiros de dividas quitadas foi encontrado carimbado esta declaração “tetelestai”,  Jesus pagou a divida total dos nossos pecados ao dar a sua vida na cruz.

O SANGUE
 Jesus não somente nos perdoou, mas aniquilou nossos pecados na cruz derramando seu sangue, e “Deus nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo” (2 Co 5:18), o véu do templo de Jerusalém se rasgou naquele dia (Mt 27:51), mas a carta aos Hebreus nos revela que Jesus abriu o véu em outro templo: no tabernáculo celestial (Hb 9:23-28), Ele foi ao mesmo tempo tanto o sacrifício como sumo sacerdote que adentrou o santo dos santos celestial carregando seu próprio sangue  para ser aspergido. Imagine uma estrada para o céu e durante todo o trajeto Jesus foi derramando seu sangue purificando-nos até a presença de Deus, “por um novo e vivo caminho” (Hb 10:19-22), o sumo sacerdote demorava em média três horas para oferecer o sacrifício dentro do santo dos santos no antigo testamento e todos os anos aquilo se repetia, mas o sacrifício de Cristo foi único, perfeito e suficiente para aniquilar o pecado, Jesus nos substituiu na cruz aplacando a ira divina e nos reconciliando com Deus.

A COROA
 Jesus venceu o pecado e a morte ao ressuscitar, indo para o seu trono novamente (Hb 8:1), sendo recebido como Rei, quando os anjos anunciaram: “Levantai ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória” (Sl 24:7) Ele foi coroado para reinar sobre tudo e todos, e nos chama para reinar com Ele (Ap 5:10), mas lembrando que antes de tomar a coroa de glória devemos tomar a coroa de espinhos que Ele tomou.
 Amados, Jesus tinha duas opções: matar ou morrer, matar você ou ser sacrificado e Ele escolheu morrer, tudo por amor (Jo 3:16). O preço já foi pago mas vai custar TUDO, vai custar sua vida (Mt 13:44; Gl 2:19-20) por que você vale o Filho de Deus, “que nos comprou pelo seu precioso sangue” (1 Pe 1:19).

CONCLUSÃO
 Oremos como um desconhecido diácono orou: “ Pai, eu vou colocar a minha confiança exclusivamente e apenas no que seu Filho fez por mim, e se o que Ele fez na cruz não foi suficiente para me salvar, então eu vou para o inferno pois não confiarei em outra coisa além disso”. 

Por: Leandro Boer

Leia a segunda parte, Rasgando o Véu


Fonte da Imagem:

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