O Cálice da Ira
Primeira
parte
O cálice da agonia
Mateus 26:38-39
Mateus 26:38-39 Jesus disse aos seus discípulos: “ A minha alma está sofrendo dor
extrema, uma tristeza mortal. Permanecei aqui e vigiai junto a mim.” Seguindo
um pouco mais adiante, prostrou-se com o rosto em terra e orou: “ Ó Meu Pai, se
possível for, passa de mim este cálice! Todavia não seja como Eu desejo, mas
sim como tu queres”.
Introdução:
Você consegue entender
realmente o que Jesus teve que suportar na cruz? Ele não temia a dor, nem o
diabo muito menos a morte, mas sim a visão que Ele teve naquela oração o fez
estremecer. Eu te convido a ir além da dor e dos sofrimentos na carne e
enxergar quão terrível era aquele cálice que Jesus bebeu na cruz.
O CÁLICE
Naquela noite fria de
uma quinta-feira após a ceia Jesus se dirige ao monte para orar com os
discípulos como de costume ele escolhe o jardim do Getsêmani, que significa
“prensa de azeite” onde o profeta Isaías já anunciava que Ele seria esmagado:
“ao Senhor, agradou moê-lo” (Is 53:10); nenhum ser jamais suportou aquela
agonia, Jesus “começou a sentir-se tomado de pavor e angústia” (Mc 14:33). O
mestre convida os amigos íntimos para orar e vigiar por pelo menos uma hora,
mas enquanto o Filho de Deus está agonizando com o rosto no pó e orando como um
menino: “Abba Pai (paizinho)...” (Mc 14:36), os discípulos dormiam após o
banquete da ceia, representando a humanidade saciada e vivendo para si mesmo, o
único discípulo acordado era Judas Escariotes.
Jesus pede por três
vezes: “Pai, se possível for, passa de mim este cálice!”; precisamos ir além do
jardim escuro e enxergar que por trás do véu, Jesus estava recebendo um cálice
das mãos do próprio Pai, um cálice transbordante (Sl 75:8; Ap 17:4) Ele enxerga
o que havia dentro do cálice, o que enfrentaria ao tomar a cruz, e ao sentir o
seu cheiro insuportável, sua natureza humana recua e reage de tal forma que
seus batimentos cardíacos aceleram rapidamente e acontece o que a medicina
chama de “hematidrose”, o mais comum seria um infarto ou derrame, mas seu
sangue começa a evacuar pelo suor criando grossas gotas que caem na terra e no
silêncio daquela madrugada Jesus chora lágrimas de sangue e sente pavor, mas o
que o fez tremer? Ele sabia que seria traído, injustiçado, açoitado, cuspido,
humilhado, pregado numa maldita cruz entre dois bandidos, enfrentaria a ira
humana, mas era isso que temia? Absolutamente não! Ele já estava preparado para
isso (Jo 12:27), muitos mártires morreram sorrindo e cantando hinos. O que
Jesus viu naquele cálice que o fez agonizar? O inferno, a terrível e suprema
manifestação da ira de Deus, a justa punição pelas nossas iniquidades, Ele
teria que beber aquele cálice para satisfazer a justiça de Deus, mas havia
outras faces no cálice, tais como, um ser Santo e sem pecado algum deveria
tocar no pecado, mas a sua Santidade o fez recuar, pois Ele viu nossos
terríveis pecados e abominações e isso causa náuseas em Deus, nossas
iniqüidades cheiram pior que fezes e enxofre, e Jesus deveria tomar nossas
vestes de imundícia.
A CRUZ
Getsêmani foi uma janela para a Cruz, uma
preparação para o pior que estava por vir, Jesus recebeu o silêncio do Pai como
resposta, mas foi preparado para a cruz (Hb 5:7) e confortado por um anjo (Lc
22:43) declarou para o mundo ouvir: “ seja feita a tua vontade”, o Amor venceu
(1 Co 13:7). Jesus chegou ao ápice da sua missão na terra ao tomar aquela cruz,
o Príncipe da Paz tinha uma coroa de espinhos cravada em sua cabeça, suas mãos
foram pregadas para impedi-lo de curar, seus pés foram pregados para impedi-lo
de anunciar o Evangelho, seu corpo foi dilacerado e partido como o pão na ceia
e seu sangue foi totalmente derramado ( Is 53: 2-8), das nove horas da manhã
até ao meio-dia o mundo pôde ver aquele terrível espetáculo enquanto os céus observavam
o Filho do Altíssimo perecendo na cruz,
mas Ele nunca morreria, pois não tinha pecado (Rm 6:23), era necessário tomar
os nossos pecados para morrer, ressaltando que Ele não se tornou pecador, mas nossos pecados foram “imputados”, atribuídos,
creditados em Cristo assim como sua justiça foi imputada aos salvos (Rm
3:21-26;5:8-9), então Ele bebeu aquele cálice e ao meio-dia “houve trevas sobre
TODA terra” (Mt 27:45) a terra tremeu e muitos mortos ressuscitaram dos
sepulcros, todos ficaram apavorados pois não foi uma nuvem que cobriu o sol,
muito menos um eclipse que dura apenas alguns minutos, mas trevas
sobrenaturais. O que significou aquilo? Ao tomar o cálice, Jesus “se fez
pecado” (2 Co 5:21) se tornou “maldito” (Gl 3:13), e isso causou as trevas que
na verdade era o Pai escondendo sua face dos nossos pecados em Cristo (Nm
6:25-26; 1 Jo 1:5), naquela cruz Jesus não foi enviado ao inferno mas foi
separado do Pai e sentiu o inferno na alma, bebeu “ o cálice do vinho do furor
da ira de Deus” (Ap 16:19), o dilúvio, o fogo consumidor de Sodoma e Gomorra e
as pragas do Egito foram a ira diluída, ocasiões em que a ira divina
transbordou e escapou do cálice, gotas; Cristo tomou cada gota da ira plena e
sem mistura, o inferno eterno que você merecia foram derramados sobre Jesus e
três horas foram suficientes até Cristo bradar: “Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?” (Mt 27:46) literalmente fora abandonado como o bode expiatório
(Lv 16:8-10) e sacrificado pelo próprio Pai, o cutelo que não foi usado no Moriá
(Gn 22:9-10) foi usado na cruz, o sacrifício foi aceito e a luz retornou quando
Cristo bebeu todo o cálice e encerrou sua missão: “consumado está” (Jo 19:30);
em antigos papiros de dividas quitadas foi encontrado carimbado esta declaração
“tetelestai”, Jesus pagou a divida total
dos nossos pecados ao dar a sua vida na cruz.
O SANGUE
Jesus não somente nos perdoou, mas aniquilou
nossos pecados na cruz derramando seu sangue, e “Deus nos reconciliou consigo
mesmo por meio de Cristo” (2 Co 5:18), o véu do templo de Jerusalém se rasgou
naquele dia (Mt 27:51), mas a carta aos Hebreus nos revela que Jesus abriu o
véu em outro templo: no tabernáculo celestial (Hb 9:23-28), Ele foi ao mesmo
tempo tanto o sacrifício como sumo sacerdote que adentrou o santo dos santos
celestial carregando seu próprio sangue
para ser aspergido. Imagine uma estrada para o céu e durante todo o
trajeto Jesus foi derramando seu sangue purificando-nos até a presença de Deus,
“por um novo e vivo caminho” (Hb 10:19-22), o sumo sacerdote demorava em média
três horas para oferecer o sacrifício dentro do santo dos santos no antigo
testamento e todos os anos aquilo se repetia, mas o sacrifício de Cristo foi
único, perfeito e suficiente para aniquilar o pecado, Jesus nos substituiu na
cruz aplacando a ira divina e nos reconciliando com Deus.
A COROA
Jesus venceu o pecado e a morte ao
ressuscitar, indo para o seu trono novamente (Hb 8:1), sendo recebido como Rei,
quando os anjos anunciaram: “Levantai ó portais eternos, para que entre o Rei da
Glória” (Sl 24:7) Ele foi coroado para reinar sobre tudo e todos, e nos chama
para reinar com Ele (Ap 5:10), mas lembrando que antes de tomar a coroa de
glória devemos tomar a coroa de espinhos que Ele tomou.
Amados, Jesus tinha duas opções: matar ou morrer,
matar você ou ser sacrificado e Ele escolheu morrer, tudo por amor (Jo 3:16). O
preço já foi pago mas vai custar TUDO, vai custar sua vida (Mt 13:44; Gl
2:19-20) por que você vale o Filho de Deus, “que nos comprou pelo seu precioso
sangue” (1 Pe 1:19).
CONCLUSÃO
Oremos como um desconhecido diácono orou: “
Pai, eu vou colocar a minha confiança exclusivamente e apenas no que seu Filho
fez por mim, e se o que Ele fez na cruz não foi suficiente para me salvar,
então eu vou para o inferno pois não confiarei em outra coisa além disso”.
Por: Leandro Boer
Leia a segunda parte, Rasgando o Véu
Por: Leandro Boer
Leia a segunda parte, Rasgando o Véu
Fonte da Imagem:
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