Sermão # 3
A Glória da Cruz
Texto Base Gálatas 6.14
“Longe de mim esteja gloriar-me, senão na
cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim,
e eu, para o mundo”
Introdução
Quando falamos de glória,
humanamente falando, o que nos vem à mente é a conquista, é atingir o ponto
mais alto do pódio, é chegar ao local do reconhecimento, dos aplausos, que
seria o lugar da glória humana, e quando olhamos para a cruz como o local que
Jesus sempre almejou e buscou para ser reconhecido, não conseguimos enxergar
glória, o momento da crucificação de Jesus foi o momento mais doloroso e mais
baixo de toda a sua humilhação, na cruz Ele foi considerado maldito, o Calvário
era um lugar de vergonha e não se parecia em nada com um pódio, mas se tivermos
uma visão bíblica e espiritual como Paulo, a cruz de Cristo poderá ser vista
como um pódio e o único lugar onde podemos nos gloriar.
O caminho para a Glória
O apóstolo João inicia seu
evangelho apresentando “o verbo que se fez carne” e diz “(...) e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1:14), referindo-se a Jesus quando
se esvaziou da sua glória ao nascer na manjedoura e quando revelou essa glória
na sua transfiguração, mas o evangelho de João também se refere à morte de
Jesus como “a hora da sua glorificação”, sendo a cruz o meio para o qual Ele e
o Pai seriam supremamente glorificados, em João 12:23, Jesus diz: “chegou a
hora em que o Filho do Homem será glorificado”, e prossegue falando sobre o
grão de trigo que deveria morrer, depois em João 13:31, Ele diz: “agora o Filho
do Homem é glorificado e Deus é glorificado Nele”, logo depois de Judas sair da
ceia para entregá-lo à morte, e em João 17:1, Ele diz na oração sacerdotal:
“Pai, é chegada a hora; glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te
glorifique”, saindo logo depois para o Getsêmani onde seria preso e levado á
cruz, nessas três passagens, Jesus se referia a sua crucificação e morte
revelando que o caminho para sua glória era a cruz do Calvário.
A Glória revelada na cruz
A morte de Cristo foi tanto uma
propiciação como uma expiação pelo pecado, propiciação significa desviar a ira
através da oferta, a ira da Deus foi satisfeita, sua justiça é cumprida através
do sacrifício, e pela sua expiação nossos pecados são removidos de nós, a
expiação satisfaz tanto as demandas do Pai como as necessidades do povo de
Cristo, esse fato de conseguir tal transação dupla através de uma só pessoa em
um só evento é uma tremenda prova de glória eterna. A nossa glória está na
cruz, pois quando Jesus se rende à morte muitos foram ressuscitados e saíram
dos túmulos, apontando para nossa nova vida a partir da cruz, a nossa glória
está na cruz, porque o homem foi
glorificado no Filho de Deus, no sentido de que agora o fator humano está
inserido na própria trindade, quando Jesus retorna a sua glória como um Rei
vitorioso da batalha e adentra os portais eternos com as chaves da morte e do
inferno nas mãos, os seres angelicais perguntam “Quem é esse o Rei da Glória?”(Sl
24), por que Ele retorna como homem, imaginem o homem em Cristo assentando no
trono da glória. Jesus deixou os portais abertos, o véu foi rasgado , e Jesus
disse “Quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz” (Mt
16:24), indicando que a cruz não é o estágio final a ser atingido pelo cristão,
mas o inicio, o meio e o fim, a cruz é a porta para a glória.
A esperança da Glória
Jesus disse que assim como foi
odiado e perseguido, também seus discípulos o seriam, sendo o sofrimento uma
dádiva de Deus ao seu povo, nos levando a se parecer cada vez mais com Jesus,
não somente sofrendo “como” Cristo, mas “com” Cristo, e o que nos faz suportar
a cruz é “a esperança da glória” (Rm 5:2) levando Paulo a se gloriar nas
próprias tribulações. Hebreus 12:2 diz que Cristo foi sustentado em suas
tribulações “(...) pela alegria que lhe estava proposta, suportando a cruz e
desprezando a vergonha (...)” enxergando além da dor e do sofrimento e vislumbrando
da cruz a nossa glória. E qual é a nossa glória? Ser como Cristo, conforme a
sua imagem e semelhança perfeitamente recriada em nós, por que haveremos de
vê-lo como Ele é, e seremos seus espelhos, sendo semelhantes primeiro em seu
sofrimento também o seremos na glória para o qual Ele nos criou.
Conclusão
Ao mesmo tempo, não em um mesmo
relacionamento, a cruz está como o “nadir”, o ponto mais baixo da história, e
como o “zênite”, o ponto mais alto da glória divina; tragédia e vitória,
escândalo e honra, derrota e triunfo, vergonha e consideração; Paulo
compreendeu a ironia da cruz, ao dizer que “se gloriava na cruz de
Cristo” (Gl 6:14), em algumas traduções está o termo “gabar-se”, por que ao
olhar para a cruz, Paulo se orgulhava de não enxergar apenas Cristo, mas a sua
própria crucificação e morte e a do mundo.
Por Leandro B. Boer
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