domingo, 17 de abril de 2016

Sermão # 1: Cristo Se Fez Pecado






Sermão # 1 
Cristo Se Fez Pecado 
 Por Leandro B. Boer

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Leia o Sermão # 2

Texto Base 2 Co 5:21
“Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós, para que Nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21)


Introdução

  Para entender como Cristo tomou e pagou os nossos pecados na cruz e como pecadores ímpios podem ser salvos precisamos estudar a doutrina da imputação, numa forma simplificada, imputar significa “colocar na conta de”, “atribuir a”, ou seja, é lançar algo na conta de alguém, atribuir alguma coisa a uma pessoa, judicialmente é a base para recompensa e punição. Podemos ilustrar essa doutrina quando Paulo pede a Filemon para que se reconcilie com Onésimo e para isso aceita que a dívida deste seja lançada em sua própria conta (Fm 18). O conceito está relacionado a três grandes verdades teológicas: o pecado original, a expiação e a justificação, estando fortemente ligada a reconciliação entre Deus e o homem.


A imputação do pecado de Adão a nós
  O pecado original foi imputado a todos os descendentes de Adão, na Queda o homem perdeu sua retidão original e a culpa foi transmitida hereditariamente levando todos a nascerem pecadores condenados, a teologia reformada chama essa transferência de imputação imediata, afirmando a depravação total do homem, outras linhas teológicas ensinam a imputação mediata, afirmando que o pecado surge individualmente em cada ser humano por escolha própria, para Armínio o homem não nascia inocente, mas também não nascia depravado totalmente tendo luz na consciência para anular a influência da depravação herdada, já Pelágio acreditava que como Deus criava cada ser individualmente todos nasciam inocentes e imaculados.
  

Paulo escreve que “por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” (Rm 5:12), esclarecendo que o pecado foi imputado a toda a raça humana, “pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores”, este homem representou a todos, por isso que “todos morrem em Adão” (1 Co 15:22).


A imputação dos nossos pecados a Cristo
  O Senhor Jesus nasceu livre da culpa pelo pecado de Adão devido sua concepção sobrenatural, e durante toda sua vida nunca pecou, “Aquele que não conheceu pecado” morreu como nosso substituto, Deus “O fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21), Cristo estava “carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça”(1 Pe 2:24), pois “o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós” (Is 53:6). O termo imputação é tipificado no Velho Testamento pelo bode expiatório (Lv 16:21-22), onde mostra a iniquidade de todos sendo transferida pela imposição das mãos do sumo sacerdote a um bode que era abandonado no deserto. Cristo não conheceu o pecado que conhecemos tão bem, ao tomar nossos pecados Ele não se tornou pecador, a imputação é um termo jurídico, uma sentença, então ele conheceu a terrível punição pelos nossos pecados, quando nossos pecados foram imputados Nele, Jesus tomou o cálice da ira de Deus, foi moído, castigado e abandonado naquela cruz, não por um Pai carrasco, mas por um Deus que nos amou de tal maneira que deu seu filho único para perecer na cruz, filho esse, que se entregou voluntariamente por amor a nós.


A imputação da justiça de Cristo a nós
  De Gênesis a Apocalipse a Bíblia ensina que a condição do pecador é a de “um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu” (Ap 3:17 /Gn 3:7). Diante da expectativa de encontrar-se com Deus, sua reação instintiva é de vestir-se de justiça própria, mas o Senhor considera “todas as nossas justiças como trapo da imundícia” (Is 64:6) somente quando Deus nos veste com Sua justiça podemos dizer “regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, cobriu-me com o manto de justiça, como um noivo se adorna com turbante sacerdotal, e como a noiva que se enfeita com as suas jóias” (Is 66:10) e este vestir de Deus vem a nós por imputação. A imputação da satisfação de Cristo é a base da justificação pela graça mediante a fé, o pagamento de Cristo pelos pecados é imputado a nós, de forma que não precisamos mais pagar pelos nossos pecados. Os injustos são considerados justos sobre o fundamento de sua fé, e como a justa satisfação de Cristo é imputada imediatamente aos crentes, sem que nenhuma justiça esteja presente neles ou qualquer satisfação seja feita por eles antes da imputação, então a imputação do pecado também deve ser imediata. A imputação da retidão de Cristo ao crente é o tema do quarto capítulo de Romanos, além de outras passagens. 

Pela Sua vida de perfeita obediência, Jesus é chamado de “o Santo e Justo” (At 3:14). Jesus viveu uma vida santa não apenas para Si, “mas também por nossa causa, posto que a nós igualmente nos será imputado, a saber, a nós que cremos naquele que ressuscitou dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o qual foi entregue por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa justificação” (Rm 4:24-25). É somente por causa da justiça de Cristo a nós atribuída, que poderemos naquele dia, ser apresentados “imaculados diante da sua glória” (Jd 24). Aliás, em qualquer momento, nós somente podemos ficar em pé na presença de Deus por causa da justiça que Cristo atribuiu a nós pela Sua morte sacrificial em nosso favor.


Conclusão
  A doutrina da imputação nos leva a três implicações básicas: A primeira, é que sendo descendência de Adão, nós não nascemos inocentes e somos culpados diante de Deus. 

Considerar isso injusto é também insurgir-se contra a justificação pela fé, pois o mecanismo, por assim dizer, é o mesmo, somos culpados diante de um Deus três vezes santo. Em segundo lugar, é que sendo justificados através da imputação da justiça de Cristo, não temos do que nos gloriar diante de Deus, não somos menos merecedores do inferno do que aqueles que para lá vão, se podemos comparecer diante de Deus em retidão, isso é devido unicamente, à justiça de outro, a saber, Jesus Cristo, portanto, toda glória é devida a Ele, e nada a nós.
  

Finalmente, há a segurança que a doutrina da imputação nos dá, pois se somos aceitos diante de Deus pela justiça de Cristo, e sendo esta perfeita, não há por que temer pela nossa segurança eterna. Paulo se refere a isso quando diz “agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1) e no final do capítulo ele pergunta: “quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica” (Rm 8:33). Portanto, se cremos na justificação por imputação a nós da justiça de Cristo, não tememos pela nossa salvação eterna.

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Por Leandro B. Boer

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