quinta-feira, 23 de junho de 2016

Sermão #11 Avivamento Pela Cruz





Sermão #11
Avivamento Pela Cruz



Texto Base Mateus 27:50-53
 “Então Jesus clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito. Eis que o véu do santuário rasgou-se ao meio, de alto a baixo, tremeu a terra, fenderam-se as rochas, os sepulcros se abriram, e os corpos de muitos santos que dormiam, ressuscitaram.”

Introdução

  Nestes últimos dias, estamos enfrentando um terrível esfriamento espiritual dentro das variadas denominações eclesiástica, vemos um crescimento numérico, mas com pouquíssimas conversões genuínas, existem movimentos, mas não há avivamento, estamos em uma geração de cristãos que não suportam a sã doutrina, onde o pecado não é tratado, mas tolerado, acabamos perdemos a identidade cristocêntrica da igreja ao nos conformarmos com este mundo e nos tornado como a igreja de Laodicéia, um povo indiferente e autossuficiente, que ignora a presença de Deus, mas Jesus está dizendo “Eu te conheço, eu conheço as tuas obras e sei que é miserável, pobre, cega e nu. Repreendo aqueles que amo, portanto arrepende-te” (conf. Ap 3:14-22). Necessitamos urgentemente de um avivamento, Jesus está batendo na porta, ouça a voz do Espírito e abra o teu coração.

Restaurando o Altar

  Um avivamento é uma obra única e exclusivamente de Deus, mas para haver um derramamento do Espírito é necessário restaurarmos o Altar do Senhor, antes do fogo cair no Monte Carmelo, o profeta Elias teve que restaurar o Altar que estava em ruínas, e hoje vemos novamente muitos altares a Baal  sendo erguidos enquanto o Altar do Senhor tem sido desprezado e negligenciado. Onde está o Altar do Senhor? No Monte Calvário. O lugar que o Pai escolheu para oferecer seu Filho Unigênito foi a Cruz, e Jesus nos chama para negarmos a nós mesmos, tomarmos a nossa cruz e segui-lo (Mt 16:24), devemos ser “sacrifícios vivos, santos e agradáveis a Deus” (Rm 12:1), nossa vida é um culto a Deus, e a vida cristã começa na cruz, devemos nos centrar na mensagem da cruz, na verdade do Evangelho, pois esse é o altar que tem sido abandonado. Elias derramou água no altar antes de Deus derramar seu fogo, e fez uma marca delimitando em volta do altar, essa água representa a Palavra, a mensagem da cruz, o Evangelho puro que muitos pensam que vai apagar o fogo, mas ao contrário disso, ela é o combustível de um verdadeiro avivamento e o delimitador para que o homem não extrapole os propósitos de Deus.

Rasgando o véu

  Antes de entregar o espírito e morrer na cruz, Jesus deu brado de vitória que abalou toda a terra e o mundo espiritual, ao proclamar: “Tetelestai. Está consumado”; esse tremor causou três sinais, que vamos analisar como três estágios para um avivamento: o véu se rasgou, as pedras se fenderam e os sepulcros se abriram, este processo só começa quando estamos crucificados com Cristo. O primeiro sinal profético foi o rasgar do véu, esse véu representava a separação causada pelo pecado, desde que Adão caiu, ao ser expulso do Jardim do Éden, Deus bloqueou o acesso a árvore da vida colocando querubins com espadas flamejantes na entrada do jardim, e tanto o Tabernáculo como o Templo eram divididos e separados em três partes: átrio, lugar santo e santo dos santos. No santo dos santos ficava a Arca da Aliança representando a presença de Deus, neste lugar somente o sumo sacerdote entrava uma vez por ano para oferecer a expiação anual pelos pecados do povo, então quando Cristo rasga o véu do templo, apontava a reconciliação de Deus com o homem, abrindo caminho para a presença de Deus por “um novo e vivo caminho, que Ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne” (Hb 10:20), em um Tabernáculo Celestial.


  O acesso ao santo dos santos está aberto, Deus rasgou o véu, mas o tabernáculo possuía dois véus, havia um véu anterior, na entrada do lugar santo, esse véu não foi rasgado, e representa o véu que nós devemos rasgar, é o véu que cobre o nosso coração, a nossa visão espiritual (2 Co 3:14), e que necessita ser rasgado para contemplarmos a Glória do Senhor, “rasgai o vosso coração e não as vossas vestes” (Jl 2:13), Deus quer promover um transplante de coração em nós, “colocar um novo coração”(Ez 36:26-27), quando Cristo morreu na cruz e seu coração parou de bater Nele, este coração começa a bater no cristão que experimenta o novo nascimento, sendo necessário sua morte com Cristo na cruz, para uma nova vida que o levará para a glória, em um caminho “inverso” ao de Cristo, que saiu da glória para a cruz, o caminho a ser percorrido pelo cristão é o mesmo, mas começa na cruz ao ser crucificado, passando por desertos, vias dolorosas e manjedouras para então ir para a glória.—Que possamos clamar como Davi: “Cria em mim. Oh Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável” (Sl 51:10).

Fender das rochas

  O segundo sinal e estágio para um avivamento foi visto no “Fender das rochas”, as pedras se partiram ao meio como o véu do templo, indicando que a Rocha que é Cristo foi partida, a pedra angular foi quebrada, a pedra de esquina foi rejeitada, e simbolizando também a lei consumada por Jesus que era representada por duas tábuas de pedra, mas assim como o véu era um obstáculo, podemos ver essas pedras partidas como barreiras que foram rompidas por Cristo, pedras de tropeço que o inimigo tem colocado no caminho da igreja tentando impedir um pleno avivamento. O Salmo 84:5 diz: “Bem aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontra os caminhos aplanados”, ou seja, devemos ter corações limpos, na parábola do semeador a semente que caiu no solo pedregoso não germinou e consequentemente não produziu frutos, muitos corações estão cheios de pedras sendo incompatível o transplante do coração de Cristo, é necessário aplanar e desentulhar esse coração; Isaque prosperou em uma terra estrangeira, mas o patriarca teve que desentulhar os poços que seu próprio pai Abraão havia cavado para achar água, já que os filisteus haviam entulhado os poços com pedras, e continuaram a fazer isso contra Isaque, mas ele não desistiu, continuou cavando, resultando na sobrevivência de sua família em tempos de seca. – Temos que desentulhar todo o lixo que foi colocado dentro da igreja, e continuar cavando nos mesmos poços de sempre, que foram entulhados pelos filisteus modernos, pois o avivamento sempre foi acompanhado de muita oração, quebrantamento, convicção de pecado e pregação do genuíno evangelho, jorrando a água viva que está no mesmo lugar; em Cristo.

Abrindo os sepulcros

  Jesus mostrou nos três sinais após seu brado, a sua vitória sobre nossos três principais inimigos: ao rasgar o véu da separação, mostrou a vitória sobre o pecado, ao fender as pedras, mostrou a vitória sobre o diabo e ao abrir os sepulcros e ressuscitar os mortos, mostrou a vitória sobre a morte. O terceiro sinal foi a abertura dos sepulcros, Jesus disse para as irmãs de Lázaro: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra , viverá”, e depois de quatro dias que Lázaro estava morto, Jesus ordenou aos discípulos em frente ao túmulo: “Retirai a pedra”; notem que não foi Jesus ou um anjo que retirou a pedra, mas os homens, com isso aprendemos que Deus quer nos ressuscitar espiritualmente e nos avivar, mas ainda existe alguma pedra a ser removida, e não são entulhos e pedras colocadas pelo inimigo, mas por nós mesmos, pela nossa carne. Devemos refletir o que está impedindo que tenhamos mais comunhão com Deus, mais paixão pelas almas, mais santidade, mais tempo e mais vida com Deus, muitos vivem presos no mundo, no sistema babilônico, transformando a igreja em um vale de ossos secos, essa foi visão que Ezequiel teve e a cena que o povo de Jerusalém viu após a morte de Jesus, cemitérios com sepulcros abertos e centenas de corpos expostos. – Assim como no vale de ossos secos. Surge a pergunta: “Será que esses ossos secos podem tornar a viver?” Será que podemos crer em um avivamento para os nossos dias tão tenebrosos? Jesus disse a Nicodemos: “O vento sopra onde ele quer...”

Despertando dos mortos

  A palavra mostra que “muitos corpos de santos ressuscitaram”, não revelando quem seriam essas pessoas, mas revelando que eram “santos”, indicando que Deus quer iniciar um avivamento por aqueles que estão vivendo em santidade. Creio que existe um “remanescente santo” espalhado pelo mundo e Deus está despertando esse remanescente para o avivamento que virá, podemos ver a ilustração desse remanescente na pessoa do jovem Samuel, sua mãe Ana o consagrou a Deus, representando ela a igreja estéril (Is 54), que ora por um avivamento, e Samuel serviu a Deus mesmo em meio a uma geração caída que profanava o Altar do Senhor, em “um tempo onde a palavra era rara e as visões não eram frequentes” (1 Sm 3:1), até que depois de muito tempo servindo e se santificando a Deus, ele foi despertado pela voz de Deus, antes que a lâmpada de Deus se apagasse, Deus o chamou o menino: “Samuel”, que se levantou para ser o primeiro profeta e decretar uma mudança radical em Israel. – Deus está nos despertando, os túmulos estão abertos, o Espírito Santo vai soprar como em Atos 2, as chuvas serôdias cairão (Jl 2:23), Jesus está bradando: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e [Eu ] te iluminarei” (Ef 5:14).

Conclusão


  Preparem-se, restaurem o altar, rasguem o coração, retirem as pedras do caminho, “congregai o povo, santificai a congregação, ajuntai os anciãos, reuni os filhinhos, os que mamam também, o noivo e a noiva cessem as festas, chorem os sacerdotes e ministros do Senhor entre a porta e o altar e orem: Poupa o teu povo ó Senhor... então, depois disso, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, vossos filhos e filhas profetizarão, os velhos terão sonhos e os jovens terão visões.” (Jl 2:16-17,28), “Se o meu povo que se chama pelo meu nome se humilhar e orar, e me buscar e se converter dos seus maus caminhos, então, ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra” (2 Cro 7:14). 

terça-feira, 7 de junho de 2016

Sermão #10 Deus Prova o Seu Amor





Sermão #10
Deus Prova o Seu Amor





Texto Base: Romanos 5:8
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.”



Introdução
 O Amor de Deus
 Quando falamos a respeito da crucificação temos que entender que o plano desta tão maravilhosa salvação foi do Deus Pai e a maior prova do seu amor é este tão extraordinário projeto, portanto a Cruz é prova do amor de Deus.
 Todo amor exige prova e “(...) Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” (Rm 5:8), esta é a prova do amor do Pai pela humanidade. Da Cruz emana amor, amor e mais amor, amor Ágape, amor incondicional.



 A Prova de Amor
O Texto continua dizendo de que forma Deus prova este Amor. Em Rm 5:8 diz que a prova deste amor é que Jesus morreu por nós quando éramos pecadores, ou seja, Deus não enviou seu filho para morrer por bons e no versículo sete do mesmo capítulo nos diz que pelo bom, pelo justo alguém ousaria morrer, porque é mais obvio de acontecer, mas Deus faz o contrário Ele envia seu filho para morrer por aqueles que zombaram dEle na Cruz, por aqueles que bradaram “Crucifica-o”, é o que Oseias ilustra em seu livro quando sua esposa volta para a prostituição e o profeta tem que ir busca-la, isso é prova de Amor.



Não que tenhamos amado a Deus  
Em Jo 4:10-11 diz “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados.” Olha que texto extraordinário, este diz que “Nisto está o Amor” e continua com uma informação extraordinária. “Não que tenhamos amado a Deus”, ou seja, nós não amamos a Deus, mas mesmo assim Ele fez propiciação pelos nossos pecados.



Deus Nos Reconciliou consigo mesmo
 No texto de 1 Co 5:18 diz “E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação;” Este texto mostra o amor imensurável de Deus, já que nós éramos inimigos de Deus, estávamos longe, no reino das trevas, mas O próprio Deus ao invés de nos abandonar e deixar-nos morrer em nossos pecados e afundar em nossos delitos Ele envia Cristo para se reconciliar com a humanidade, o mais extraordinário é que o ofendido é Deus e se tem alguém que teria que se reconciliar, este era a humanidade, mas Deus mostra o seu amor nos reconciliando consigo mesmo.



Diante disso, somos pecadores, inimigos de Deus e não amamos a Deus. Como está escrito “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.
(...) Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;” (Romanos 3:10-26) Mesmo diante deste quadro pavoroso e horrendo, Deus prova o seu Amor enviando o seu Filho para morrer e reconciliar-se com o mundo mesmo diante destas características horrorosas e vergonhosas. Realmente, o texto mostra O Deus Santo indo Atrás da prostituta, que no caso somos nós.



Muito mais agora!
 O texto de Rm 5:9-11 diz “Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
 E não somente isto, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora alcançamos a reconciliação.”
 O texto mostra a graça abundante da Cruz através de Jesus Cristo, esta graça vem do Pai e se manifesta através do filho, se aplicando pelo Espírito Santo. A lógica do texto segue nesta ideia, éramos inimigos de Deus e mesmo assim Ele nos resgatou, enviou o seu filho para morrer por nós enquanto lançavam sorte pelas suas vestes da cruz emanava perdão, e se o amor está neste ato, quanto mais agora que somos filhos, amigos, noiva, ovelha, entre outros nomes, este amor irá transbordar sobre nós, nos salvando da ira vindoura e nos trazendo vida eterna e abundante em seu Filho, nosso Senhor.



 Muito mais agora sendo reconciliados com Ele, temos paz com Deus, e o mais interessante deste texto é que no versículo nove diz que seremos salvos da ira pelo sangue, e no versículo dez diz que seremos salvos pela Sua vida, a de Cristo no caso. Isto posto chegamos ao entendimento de Que o sangue de Cristo nos livra da condenação do pecado, bem como sua corrupção e seu poder, mas o que nos salva é a vida de Cristo, ou seja, sua ressurreição, “o qual pelos nossos pecados foi entregue e ressuscitou para a nossa justificação” (Rm 4:25), concluísse que Cristo aniquila o pecado na Cruz derramando o seu sangue e nos da vida eterna sendo a primícias dos que hão de ressuscitar (1 Co 15:20).



Conclusão

 Diante de um amor tão extraordinário devemos nos dobrar em arrependimento, nos humilhar diante de Deus e sermos gratos por tão grande salvação. Diante deste perdão pela graça, sem mérito, não temos o direito de não amar nossos irmãos, bem como perdoa-los, como diz 1 João 4:11 que da mesma forma que Deus prova o seu amor enviando o seu filho, nós devemos amar uns aos outros e em 2 Co 5:19-20 diz que temos o ministério da reconciliação e este vale tanto para pedirmos perdão para Deus, quanto para liberar perdão ao nosso próximo, e muito mais ainda, devemos levar esta palavra de Boas Novas de que Deus está em Cristo reconciliando consigo o Mundo por isso somos embaixadores de Cristo, pois Deus está rogando para levarmos a palavra de reconciliação pelas ruas de nossas cidades.  

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Sermão #9 Marcado Pelo Sangue




Sermão #9 
Marcado Pelo Sangue

Texto Base Marcos 15:21
 “E aconteceu que certo homem de Cirene, chamado Simão, pai de Alexandre e de Rufo, passava por ali, vindo do campo. Eles o forçaram a carregar a cruz”

Introdução
  Você se lembra do dia em que teve um encontro com Deus? Em que caminho e direção você estava indo? Com Simão Cireneu aprendemos que nesse encontro pelo menos duas coisas são oferecidas: devemos tomar uma cruz e mudar de direção para poder segui-lo, não forçadamente, mas a cruz é o lugar que Deus escolheu para esse encontro.


Festa da Páscoa
  No dia 14 do mês de Abibe, o primeiro mês do calendário judaico, que para nós seria entre março e abril, acontecia a festa da Páscoa, um dia em que comemoravam e relembravam a libertação do povo de Israel do Egito, milhares de judeus se aglomeravam em Jerusalém, pois todo judeu devia pela lei comparecer a cidade santa em pelo menos três festas anuais: Páscoa, Tabernáculos e Pentecostes. O comércio era intenso e o templo era altamente disputado, e a festa durava mais sete dias com a semana dos pães asmos. Famílias inteiras se reuniam para cear, mas o auge dessa festa era o “Corbã”, ritual onde o cordeiro pascal era sacrificado no templo, prática que começou no Egito, quando sacrificaram um cordeiro para cada família e aspergiram o seu sangue com um ramo de hissopo, planta esponjosa, nas portas das casas dos israelitas, protegendo-os do anjo exterminador, o qual passou por cima das casas ao ver a marca do sangue nas portas, indicando o significado da palavra Páscoa: “passar por cima”.



Simão Cireneu
  A palavra nos mostra que um homem chamado Simão, estava “entrando na cidade” no dia da Páscoa que naquele ano foi na sexta-feira, provavelmente ele estava vindo de uma longa viagem de Cirene, na Etiópia, país africano, e seu nome comum entre os judeus revela que ele também era judeu, já que havia uma grande colônia judaica na região de Cirene desde que a rainha de Sabá fez uma aliança com o rei Salomão, e segundo a tradição não foi apenas diplomática, mas tiveram filhos, sendo ela negra, iniciou-se uma descendência de judeus negros. Em 1948, quando a ONU declarou a soberania do estado de Israel, o primeiro avião que trouxe judeus novamente a nação veio da Etiópia, ou seja, Simão era negro, judeu e possivelmente um ex-escravo, já que Atos 6:9 mostra que havia uma sinagoga de cireneus libertos em Jerusalém.


Vestes brancas
  Simão se dirigia para o templo para participar do “Corbã”, naquela tarde o sumo sacerdote sacrificaria o cordeiro, e seu sangue seria aspergido no altar e em todo o seu redor (Ex 29:16), e uma multidão de judeus vestidos de branco, indicando justiça, se aglomeravam ansiosos para receber ao menos uma gota do sangue do cordeiro em suas vestes quando o sacerdote munido de um ramo de hissopo, aspergia o sangue do cordeiro no povo (Ex 24:8), já que receber o sangue nas vestes era sinal de uma grande benção, mas somente entravam no templo quem estivesse com as vestes completamente brancas, sem nenhuma mancha, do contrário não entravam – chegará o grande dia em que todos estaremos frente aos portões celestiais e entrará somente aqueles que estiverem revestidos da justiça de Cristo (Mt 22:12/Ap 3:4).



Tomando a cruz
  A grande maioria do povo entrava na cidade pelo portão principal e davam de frente com o templo pela porta Formosa, a cidade possuía doze portões e Simão decidiu entrar por uma porta que rejeitavam, no fundo do templo, na direção para Damasco, no maldito caminho para o Gólgota, com ruas estreitas e cercadas por grandes rochas, no momento em que ele entrava na cidade, vindo do campo, ouviu o barulho de uma multidão gritando, havia muito choro, desespero, e se deparou com os soldados levando três condenados a morte carregando cruzes em seus ombros, Simão deve ter paralisado ao ver um dos condenados totalmente ensangüentado e desfigurado, sendo cuspido e escarnecido, deixando um rastro no caminho do sangue que escorria pela cruz, o peso de sua cruz parecia insuportável, e quando Simão desviava da multidão, um dos soldados apontou-lhe o dedo e gritou; “Você, ajude-o a carregar a cruz”, o cireneu foi constrangido e obrigado a tomar a cruz, provavelmente confundiram-no com um escravo e foi ameaçado com as espadas e forçado a ficar lado a lado com aquele homem, tomando a cruz. Nesta hora deve ter notado a coroa de espinhos fincada em sua cabeça e se dado conta que suas vestes brancas estavam agora marcadas pelo sangue, daquele que algumas mulheres choravam e chamavam “Jesus” – não há como seguir Jesus sem antes tomar a cruz (Mt 16:24), Simão teve que negar-se literalmente e tomar a “sua” cruz.



Marcado pelo sangue
  Ao tomar a cruz, Simão teve que mudar de direção e “converter” seu caminho, colocando-se na posição de condenação e subindo para o Calvário, depois de percorrer 800 metros ele se livrou da cruz e Jesus foi crucificado em meio aos dois ladrões, Simão deve ter descido novamente para a cidade, mas suas vestes não estavam mais brancas, ele sonhava em receber uma gota do sangue do cordeiro no templo, mas foi completamente aspergido pelo sangue de Jesus Cristo, não foi marcado com uma brasa que marcavam os escravos, mas marcado pelo precioso sangue do Cordeiro Santo que pagou um preço de resgate incalculável. Simão foi lavado e levou a salvação para sua família (Rm 16:13), Paulo cita sua esposa como uma mulher considerada e seu filho como “eleito no Senhor”. Naquele dia o sacrifício do cordeiro foi cancelado no templo, pois quando o Cordeiro de Deus foi sacrificado no Calvário, o véu do templo se rasgou – agora podemos ter acesso ao Santos dos Santos pelo novo e vivo caminho (Hb 10:19-20), pelo sangue de Jesus.



Conclusão
  O peso que Simão carregou foi apenas da madeira da cruz, mas “Cristo levou os nossos pecados sobre o madeiro” (1 Pe 2:24), o peso esmagador dos nossos pecados fez com que Ele fosse moído e derramasse todo o seu sangue, o qual tem poder suficiente para aniquilar todo pecado, “sangue esse, que Ele quer aspergir em nosso coração nos purificando completamente de uma consciência culpada” (Hb 10:22), não gotas, mas quer nos lavar e alvejar nossas vestes no sangue do Cordeiro (Ap 7:14).

“É uma blasfêmia, trazer de volta a consciência, os pecados pagos por Jesus” (Martinho Lutero)