terça-feira, 28 de março de 2017

Sermão #3 O Reino de Deus

Sermão #3
O Reino de Deus 
Por Rafael Henrique

  



Texto Base: João 3:3
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.


Introdução
 Diante de um dos textos áureos da fé Cristã temos o desafio de entender o que Jesus estava explicando para Nicodemos neste grande texto. Confesso que me sinto muito pequeno diante do sermão do Messias, portanto conto com a inspiração divina para conhecer um pouco das verdades pregadas a este homem.
  Nicodemos um dos principais dos Judeus vai até Jesus para entender todos os sinais que o Mestre fazia. Nicodemos queria saber se o reino de Deus havia chegado, mas Jesus lhe da a resposta de que o mestre dos judeus só iria entender o reino se este nascesse novamente. Porque só quem é nascido do Espírito pode ver o reino de Deus, reino este que Jesus estava estabelecendo.


A Serpente de Bronze
João 3:14,15 E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Toda a conversa de Nicodemos com Jesus se baseia na ideia de ver o reino de Deus ou não. O que Nicodemos afirma para Jesus no começo do capitulo três é que pelo fato de Jesus fazer sinais o reino de Deus era chegado e que Nicodemos estava vendo o mesmo ser estabelecido. Porém Jesus o exorta dizendo “(...) Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus” (João 3:3). Então depois de uma longa exposição do Antigo Testamento para ensinar um príncipe dos Judeus de como o reino de Deus se estabeleceria de acordo com os profetas. Jesus comparou o reino de Deus com a serpente de bronze que foi levantada por Moisés no deserto.


 No contexto da explicação de Jesus, que se encontra em Números 21:4:9, o povo está no deserto, então começam a reclamar do Maná que é o pão que desceu do céu, “E o povo falou contra Deus e contra Moisés: Por que nos fizestes subir do Egito para que morrêssemos neste deserto? Pois aqui nem pão nem água há; e a nossa alma tem fastio deste pão tão vil” (Números 21:5). Note que o povo reclama contra Deus e contra Moisés. Diante de tamanha rebelião Deus envia serpentes ardentes para atacar o povo.
Depois da morte de muitos, Moisés ora a Deus diante de um povo arrependido de seus pecados, e Deus manda Moisés levantar uma serpente de Bronze em uma haste e todo aquele que olhar para a serpente será curado; “E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela” (Números 21:8). Diante deste senário Cristo começa a revelar a Nicodemos como seria implantado o Reino de Deus.


A Ira de Deus
João 3:13 “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu”.
 Afim de que Nicodemos entendesse o Reino de Deus que era chegado, Jesus explora de forma extraordinária o Antigo Testamento, pois o mesmo testifica de Cristo (João 5:39). Diante desta verdade vamos entender algumas aplicações no Texto de Números 21.


 Em João 3:13 Jesus diz a Nicodemos que o Filho do homem desceu do céu no contexto de que ninguém aceitou o seu testemunho (Jo 3:11), neste momento Jesus estava se comparando ao maná que desceu do céu. O motivo de Deus mandar as serpentes ardentes para morder o povo foi porque reclamaram do Maná e o chamaram de “Pão Vil (Nm 21:5)”, expressando desprezo diante da providencia divina. Jesus é o Pão que desceu do céu e foi desprezado atraindo ira para aqueles que não o receberam, conforme João 3:36 “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”.


As serpentes ardentes
Números 21:6 “Então o Senhor mandou entre o povo serpentes ardentes, que picaram o povo; e morreu muita gente em Israel”.
Como consequência da rebelião do povo, Deus envia serpentes para morder o povo, estas víboras são chamadas de serpentes ardentes, isto se dá pelo fato do sofrimento daqueles que foram mordidos pela mesma. Acredita-se que o veneno das serpentes fazia o povo sofrer até morte.


 Quando Jesus trouxe esta história, tão conhecida por Nicodemos, Ele estava comparando as pessoas mordidas pela serpente com os homens que estão mortos em seus pecados bem como condenados em seus delitos. Assim como o povo envenenado pelo veneno ardente das serpentes do deserto, a humanidade está sentindo o fogo do juízo as consumindo, por conta de não aceitarem o pão vivo que desceu do Céu.


Vida Eterna
  João 3:14,15 “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
 Assim como a serpente foi levantada no deserto em uma haste e todos os que olhavam para ela seriam curados, Jesus foi levantado em uma Cruz para que todo aquele que Nele crê viva.
 Este é o Reino de Deus que Jesus veio estabelecer, Ele veio do Céu e foi levantado em uma Cruz para estabelecer o seu Reino através da Cruz. Jesus Reina por meio da Cruz! Nicodemos, assim como todo o povo, estava esperando sinais de que Jesus é o Filho de Deus, mas o reino só pode ser visto por aqueles que nascerem de novo.


 Assim como o povo mordido pelas serpentes só poderiam ser curados quando olhavam para a serpente de bronze em uma haste, sendo livres da condenação que sobrevém por meio da ira de Deus. Nós só vamos escapar da condenação Eterna, que é a ira de Deus, se crermos em Jesus Cristo, assim como o texto de Romanos 5:8,9 “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.”


Jesus estabelece seu Reino
 João 3:17 “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele”.
 Em Números 21 a serpente de bronze foi levantada não com o intuito de fazer o povo adoecer, mas sim para curá-los dos venenos ardentes das serpentes do deserto, da mesma forma Jesus não veio para condenar, pois o mundo já estava condenado antes Dele vir, Jesus veio para Salvar. Para trazer as boas novas de que o problema do pecado seria resolvido na Cruz.


 João 3:18 “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”. Assim como todo aquele que não olhasse para a serpente de Bronze continuariam doentes, todo aquele que não Crer no Filho de Deus continua condenados e Jesus dará a sentença no ultimo dia.


 O Reino que Jesus apresentara para Nicodemos é o senário de terror e desespero que este homem iria ver no ato da crucificação do Filho de Deus que mostra uma humanidade podre, doente e morta e seus delitos a ponto de crucificarem o Deus da Glória, um homem inocente. Este é o senário do Reino de Deus, que através do Filho de Deus envergonhado e pendurado em uma Cruz muitos seriam salvos de seus pecados e alcançariam a vida eterna. Assim como a serpente foi levantada no deserto por Moisés, Jesus foi levantado por Deus em um madeiro para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida Eterna.


Conclusão
 A libertação do veneno do pecado se dá por meio do novo nascimento onde Jesus tira o coração de pedra e põe o coração de carne. Ele nos tira do Reino das Trevas e nos transporta para o seu Reino, a saber, o Reino do Filho do seu Amor. Este é o Reino de Deus que Cristo estabeleceu por meio da Cruz. Colossenses 1:13 “e que nos tirou do poder das trevas, e nos transportou para o reino do seu Filho amado”.



segunda-feira, 6 de março de 2017

Sermão #2 O Cordeiro, O Filho e O Noivo








Sermão #2
O Cordeiro, O Filho e O Noivo
Por Leandro Boer


Textos Base “Eis o Cordeiro de Deus (...) o Filho de Deus (...) e o Noivo”
(João 1:29,3:4;3:29)

Introdução
  No tema central de seu testemunho em relação à pessoa de Jesus Cristo, João Batista usa três termos expressivos em referência a Ele: o Cordeiro de Deus, o Filho de Deus e o Noivo; são três apresentações de Cristo a um mundo perdido, que revelam o pensamento do Pai a respeito da obra abrangente de seu Filho, e vieram diretamente de Deus para João Batista, que preparou o caminho do Messias para enfim o declarar: “Eis o Cordeiro de Deus...” apontando sua obra expiatória, “testifico que Este é o Filho de Deus...” revelando sua divindade, “sou amigo do Noivo...” revelando o seu advento para buscar sua noiva, a igreja.


O Cordeiro
  Por duas vezes João Batista fala de Jesus apresentando-o como o Cordeiro de Deus (Jo 1:29,36), uma descrição simples, mas muito profunda em seu significado; a figura do Cordeiro aparece 27 vezes no Livro de Apocalipse e raras vezes aparecem em outros lugares das escrituras (Is 53:7; At 8:32; 1 Pe 1:19), a primeira vez que aparece na Bíblia é associada a um sacrifício quando Isaque clama ao seu pai Abraão: “onde está o cordeiro para o holocausto?”, e a primeira vez que aparece no novo testamento é através da voz do que clama no deserto, respondendo a pergunta que ecoou durante séculos entre a nação de Israel: “Eis o Cordeiro de Deus”, o AT pergunta e o NT responde, na plenitude dos tempos, Cristo veio como Cordeiro de Deus para ser levado ao matadouro, apresentando a figura de sua frágil humanidade.


  João Batista não somente apresenta o sacrifício vivo, mas revela a quem pertencia o sacrifício: “Cordeiro DE DEUS”, ou seja, Jesus foi enviado pelo Pai para ser sacrificado. Revela também o objetivo desse sacrifício: “Eis o Cordeiro de Deus, que TIRA O PECADO do mundo”, isto é muito forte, Jesus veio pagar pelos nossos “pecados”, isso se chama expiação, mais do que isso, veio enfrentar o PECADO, em sua forma total, bem como na raiz do problema. O original traduzido por “tira” significa “erguer, levantar, levar e retirar”, tirar a iniquidade dos pecadores foi um processo inconcebivelmente doloroso que Jesus suportou na cruz. Ante a um Cordeiro sem mancha ou defeito. Mais inocente do que uma criança. Tão amável e manso, que foi crucificado e nem abriu a sua boca, Ele se entregou por mim e por você. Diante disso nos unamos ao coro celestial que proclama: “Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória e louvor” (Ap 5:12).


O Filho de Deus
  Quando Jesus foi batizado no Rio Jordão, aconteceu algo que João Batista aguardava ansiosamente, e ele deve ter testemunhado o ocorrido com um brilho no olhar e um sorriso que raramente dava: “Eu vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem vires descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Pois eu, de FATO, vi e tenho testificado que ele é o FILHO DE DEUS”; ainda que as pessoas que estavam em torno do rio ouviram o barulho de um trovão, João Batista ouviu nitidamente a voz de Deus Pai dizendo: “Este é o meu Filho Amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17). Através dessa revelação João proclamava: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito (em algumas traduções ‘o Deus unigênito’), que está no seio do Pai, é quem o revelou” (Jo 1:18), apresentando a divindade na figura do Filho de Deus, C.S. Lewis disse que “o Filho de Deus  se tornou homem para possibilitar que os homens se tornem filhos de Deus”.


  No antigo testamento, o rei Davi apresenta o messias, o “ungido”, no Salmos 2:6-7: “Ungi o meu Rei sobre o seu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei”, assim como João Batista, Davi foi testemunha da fala divina dirigindo-se ao Filho quando Deus firmou uma aliança com ele e lhe prometeu uma descendência  e um trono eterno.


Em Hebreus 1:5, o autor usa o decreto do Pai declarando o Messias como seu Filho, e o evangelho de João, diferente dos outros , que se iniciam com a genealogia terrena de Jesus, declara a genealogia divina de Jesus: “No principio era o Verbo...e o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (Jo 1:1,14), essa expressão “unigênito”, se traduz de uma palavra grega que refere-se explicitamente à geração eterna do Filho na Trindade. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo (Lc 1:35), não nasceu do sangue e da vontade da carne, e semelhantemente nós somos gerados pelo Espírito no novo nascimento (Jo 3:1-21), e “todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome” (Jo 1:12). Jesus, mesmo sendo o Filho Único, não foi egoísta. Por amor a pecadores como nós, Ele morreu e nos comprou reivindicando-nos agora como seus irmãos, nos adotou na família de Deus, e revela o profundo desejo de estarmos junto Dele: “Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste” (Jo 17:24).


O Noivo
A terceira figura que João Batista se utiliza para revelar Jesus é a do Noivo; depois que Jesus foi batizado e iniciou seu ministério junto de seus discípulos que batizavam aqueles que se arrependiam e se convertiam (Jo 4:2), houve uma contenda por parte de alguns judeus, alegando a João Batista que Jesus estava atraindo as multidões e batizando mais do que o próprio João. Então João Batista declara: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor. O que tem a noiva é o noivo; o amigo do noivo que lhe serve e o ouve, alegra-se grandemente por causa da voz do noivo. Portanto, essa satisfação já se cumpriu em mim. É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:28-30).


João Batista já havia avisado que viria outro “da qual ele não era digno de desatar as correias de suas sandálias” (Jo 1:27), e que não batizaria com água, mas com Espírito e com fogo (Mt 3:11), por que era o precursor, aquele que preparou o caminho, e aos questionadores ele compara-se ao “amigo do noivo”. Para entendermos melhor, na cultura da época, antes do casamento havia o noivado, que era diferente do que conhecemos hoje. Os noivos ficavam um ano sem nenhum contato, então o noivo separava duas pessoas de confiança, geralmente amigos ou parentes, para duas missões: a primeira fazer os preparativos para o casamento, e outra para auxiliar e preparar a noiva. Neste sentido, João Batista se declara o “amigo do noivo”, pois preparou Israel para vinda de Jesus, “Ele veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1:11), mas o casamento não foi cancelado, a noiva está sendo preparada, o Espírito Santo foi enviado para preparar e adornar a Igreja do Senhor, a noiva do cordeiro (Jo 16:1-15; Ap 21:2).


No antigo testamento vemos Abrãao enviando seu servo para buscar uma esposa para seu filho Isaque (Gn 24:4).  No novo testamento vemos Paulo aplicando a si a figura do servo levando os coríntios a se apaixonarem por Cristo e pedindo para que se apresentassem a Ele “como virgem pura” (2 Co 11:2-3), ou seja, quanto ao serviço, Paulo e João Batista são “amigos do noivo” para trazer a Noiva a Cristo, e quanto a posição, serão parte daqueles posteriormente apresentados como a Noiva celestial (Ap 19:7-8;21:9). Assim como eles, nós somos enviados como amigos do noivo para cooperar com o Espírito Santo na preparação da noiva de Cristo ao mesmo tempo em que somos essa noiva.


João Batista tinha consciência de que a noiva não era dele e não poderia se apaixonar por ele “a noiva pertence ao noivo” enfatizou ele, e disse que era um servo, um mordomo, que estava muito satisfeito por tamanha honra, ao contrário de muitos que se dizem homens de Deus hoje em dia, mas que tomam o lugar do Noivo e se sentem donos da noiva, e ao contrário desses que querem aparecer e ficarem famosos, o profeta deixa uma mensagem para os nossos dias, para cada um de nós: “Que Ele cresça e que eu (o eu) diminua”.


Conclusão
Essa tríplice visão de João Batista, de Jesus como o Cordeiro de Deus. De Jesus o Filho de Deus. E de Jesus o Noivo, nos dá uma clara exposição do plano de Deus para nós: “Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16), Jesus morreu em nosso lugar, Ele é o nosso cordeiro pascal, precisamos entender que Deus não podia simplesmente nos perdoar dizendo “eu te perdôo”, pois Ele é Santo e Justo, nós somos culpados e “sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Diante desta verdade a morte de Cristo foi necessária para expiar nossos pecados através de um sacrifício perfeito, essa perfeição só poderia ser possível se o próprio Deus a realizasse. Por isso o Filho de Deus foi enviado.


 Por fim aqueles que crêem, os crentes, a noiva de Cristo, não é apenas inocentada pela retirada dos pecados que foram imputados em Cristo, mas justificada, a justiça de Cristo é imputada nela (2 Co 5:21) para que tenhamos acesso a vida eterna, pois “os justos herdarão a terra e nela habitarão” (Sl 37:29), e Jesus prometeu a sua noiva: “Na casa de Meu Pai, há muitas moradas...eu voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou, estejais vós também” (Jo 14:2-3).